17 de abr. de 2013

Gasolinas 95 e 98. Mito ou realidade?


Muitas vezes chegamos a uma bomba de gasolina e sentimo-nos tentados a colocar a gasolina mais cara, pois achamos que é a que mais saúde traz ao motor do nosso carro/moto. Mas afinal o que representa a diferença de octanas nos combustíveis? Será que 3 octanas a mais justificam a diferença de preços? E os consumos, diminuem realmente?
Vamos tentar responder a estas questões...

Octanas, o que são?


Octanas são hidrocarbonetos e alcanos que apresentam a fórmula molecular C8H18 e a fórmula estrutural CH3(CH2)6CH3. 
As octanas têm vários isómeros estruturais, ou seja, várias formas da sua cadeia de moléculas se agrupar. As mais conhecidas dessas formas são conhecidas como isoctano (2,2,4 trimetilpentano) e n-heptano.
O isoctano é bastante resistente à detonação, sendo o n-heptano de ignição fácil. O isoctano é tido como ponto de referência relativamente à resistência à detonação de uma gasolina, sendo o seu índice de octano de 100. Por outro lado, o n-heptano é também tido como ponto de referência na mesma escala, sendo o seu valor de 0.
Aquilo a que chamamos octanas é na verdade o índice de octano que um combustível possui, ou seja, a resistência à compressão desse mesmo combustível, quando comparado com o isoctano. Assim, para um combustível com um índice de octano 95, estamos a dizer que o mesmo possui uma resistência à compressão equivalente a 95% da do isoctano e 5% do n-heptano. Gasolinas com índices de octano superiores a 100, significam que já ultrapassam (por meio de aditivos) a resistência à compressão do isoctano (um bom exemplo destas gasolinas é o AVGAS, utilizado na aviação e em alguns veículos de competição).  

Fórmulas de cálculo


Este ponto terá interesse para aqueles que comparam os índices de octano de vários países. Quando o fazem há que ter em atenção que a fórmula de cálculo dos mesmos pode não ser igual e portanto os valores observados serão diferentes. Existem várias formas de obter o índice de octano, sendo as principais a RON, a MON e a AKI.
Nos testes RON (Research Octane Number) o motor é colocado a uma rotação baixa, em condições suaves de trabalho. As gasolinas vendidas em Portugal são calculadas por este método.
Nos testes MON (Motor Octane Number) o motor é colocado a uma rotação mais alta, sendo testado em condições mais exigentes. Os resultados destes testes poderão ser 8 a 10 pontos inferiores aos obtidos pelos testes RON,
Os testes AKI (Anti-Knock Index) são a média dos resultados dos testes RON e MON. Estes são os valores apresentados no Brasil, EUA e Canadá, entre outros.

Resistência à detonação


Muitos poderão estar confusos, pois, até agora, deu-se a entender que uma gasolina com índice de octano mais baixo terá uma maior facilidade de ignição, facilitando a combustão. A questão é que, quando um motor é projetado, é calculado de forma a que a ignição se dê num dado momento do seu ciclo. Dessa forma todos os fabricantes aconselham um nível de mínimo de índice de octano. Caso esse nível não seja respeitado, poderá dar-se a pré-detonação do combustível dentro dos cilindros, ou seja, o combustível poderá iniciar a fase de explosão antes do momento projetado, o que traz consequências nefastas para o motor.
Em suma, o índice de octanas representa a resistência que o combustível terá para resistir à compressão do motor sem explodir. Assim, para motores com taxas de compressão mais elevadas, deverão ser utilizados combustíveis com maior índice de octano.

Que combustível escolher?


Tal como já foi explicado nos pontos anteriores, a forma como o motor é projetado será a chave para a escolha do combustível ideal, sendo o mesmo aquele que tem índice de octano superior ao mínimo exigido pelo fabricante. Deve-se ter em mente que, quanto maior for a taxa de compressão, maior poderá ser a necessidade de ter um índice de octano mais elevado. Daqui conclui-se que preparações nos motores que possam levar a alterações na taxa de compressão, poderão alterar os índices de octano mínimos exigidos pelo fabricante.
Não deverão ser tidos em conta os mitos que nos dizem que um maior índice de octano poderá levar a uma maior poupança de combustível, melhor rendimento, proteção ou limpeza do motor. Estas afirmações são excelentes vendedoras de combustíveis mais caros.
Conclusão: o combustível ideal será aquele que tem um índice de octano maior do que o mínimo exigido pelo fabricante.
  

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Octanagem
http://en.wikipedia.org/wiki/Octane
http://www.demec.ufmg.br/disciplinas/ema003/liquidos/gasolina/gasolina.htm
http://www.nicoclub.com/archives/gasoline-octane-myths.html
http://chemistry.about.com/cs/howthingswork/a/aa070401a_2.htm
http://www.fpam.pt/Nacional/Formacao/TecNiv1/tn1010CombustiveisLubrificantes.pdf
http://pt.wikipedia.org/wiki/Avgas
http://www.asbeiras.pt/2012/05/gasoleo-e-gasolina-podem-descer-ja-na-proxima-semana/

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